O Brasil na Crise de 1929

 Antecedentes à Crise de 1929

American way of life
American way of life

Os Estados Unidos estavam em ascensão econômica após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Enquanto a Europa se reconstruía da destruição causada pela guerra, os EUA emprestavam dinheiro e vendiam produtos industrializados ao mundo sem muita concorrência, já que as fábricas europeias não estavam em condições de competir.

A década de 1920 consolidou o conhecido "American way of life", a forma estadunidense de uma sociedade baseada no consumo. Nesse período, o país era responsável pela produção de 42% de todas as mercadorias fabricadas no mundo, com uma taxa de desemprego de apenas 4%. Essa prosperidade econômica atraiu investidores de todo o mundo, que colocavam seu dinheiro nas ações das grandes empresas americanas, valorizando cada vez mais os valores dessas empresas no mercado.

A Grande Crise

crise de 29

O surgimento de novas empresas, o aumento da produtividade das indústrias e a estagnação dos salários em comparação aos lucros levaram a um aumento da oferta de produtos no mercado e à diminuição do número de compradores. Isso resultou em mercadorias estagnadas, causadas pela superprodução.

Os investidores acharam arriscado deixar suas riquezas nas mãos de empresas que não estavam conseguindo lucrar cada vez mais. O receio de perder dinheiro fez com que as ações das empresas começassem a ser vendidas, o que levou a uma queda astronômica no valor das ações. Como consequência, os investidores perderam dinheiro e muitas  empresas faliram.

Esse evento ficou conhecido como a Crise de 1929, ou a Grande Depressão, tendo como epicentro a Bolsa de Valores de Nova York. Essa crise marcou o fim de uma década de prosperidade econômica nos Estados Unidos e desencadeou uma depressão econômica global que durou ao longo da década de 1930. As consequências foram devastadoras para a economia estadunidense: o desemprego subiu para 27%, as exportações caíram 50%, o salário médio na indústria diminuiu 50% e a produção de automóveis foi reduzida em 50%.

Mas onde está o Brasil nessa história?

Getulio Vargas
Getulio Vargas, presidente que por mais tempo governou o Brasil

Desde sua formação como Estado, o Brasil foi uma nação agroexportadora, ou seja, sua principal atividade econômica era a produção agrícola e de matérias-primas para exportação. E pensando no contexto global, o principal motor da indústria são os trabalhadores, e, para que conseguissem dar conta de uma carga de trabalho tão intensa, recorria-se a produtos que pudessem dar mais energia, como é o caso do açúcar e do café, e o Brasil era o principal produtor dessas mercadorias.

Nesse período, o Brasil era responsável por cerca de 70% da produção mundial de café, e 80% dos nossos compradores eram os Estados Unidos da América. Portanto, a crise na indústria estadunidense afetou diretamente a economia brasileira.

Assim como nos Estados Unidos e em outras potências mundiais, o Brasil passou por alterações políticas. A situação demandava um Estado mais presente, interferindo mais na economia, e Getulio Vargas foi a pessoa que executou esse projeto. O conceito mestre do liberalismo econômico, que dava total liberdade para a economia se autoajustar, já não funcionava tão bem. O Brasil seguiu as medidas estadunidenses para o ajuste da economia, criando um seguro-desemprego, um salário mínimo e uma carga horária máxima de trabalho. E no caso brasileiro, houve uma tentativa de industrialização para não depender somente da agroexportação.

Contudo, reformas profundas e mudanças na direção econômica de uma nação não ocorrem de maneira simples. Uma das medidas de proteção ao preço do café foi a compra, por parte do governo, de parte da produção para incineração, a fim de causar uma queda na oferta internacional do produto e, com isso, aumentar seu valor. Medidas mais incisivas como essas demandam do governo uma força baseada em sua popularidade ou no autoritarismo. No caso brasileiro, houve um pouco dos dois.

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A queima do café



A crise de 1929 atingiu a economia e mudou a ordem política no Brasil